MARRECOS não possuem as carúnculas (verrugas vermelhas) sobre o bico e em torno dos olhos, características dos patos
Aves aquáticas com muitas semelhanças, marrecos e patos são facilmente confundidos. Criadores experientes sabem distinguir uma espécie da outra por vários motivos, mas apontam as carúnculas (verrugas vermelhas) sobre o bico e em volta dos olhos como a característica mais visível para especificar o pato, além do fato de a ave ser mais alongada. Já os marrecos são mais compactos e definidos, o que pode facilitar a padronização dos exemplares.
Na criação doméstica, dependendo da variedade escolhida, uma diferença é o desapego das marrecas com os filhotes, particularidade que deve ser levada em conta por quem tem intenção de iniciar a prática. A falta de interesse das fêmeas pelos próprios ovos pode encarecer a atividade, caso a opção for pelo uso de chocadeiras elétricas. Uma alternativa para gastar menos é adotar amas para o período do choco. Peruas, patas e galinhas são aves que podem substituir a tarefa das verdadeiras mães.
Fora isso, a criação de marrecos é muito simples e pode ser bastante rentável para o produtor. Não há necessidade de muito espaço para lidar com as aves nem de grandes estruturas e ambientes sofisticados. Os marrecos são animais rústicos, resistentes, adaptam-se a qualquer clima e não demandam cuidados veterinários, exceto a aplicação de vermífugos antes e depois da postura.
Quando a criação é bem manejada, podem ser aproveitados tanto os ovos e as carnes dos marrecos para consumo quanto as penas e as plumas para artesanato e enchimento de travesseiros e edredons, além dos dejetos – como adubo para hortas ou insumo para a piscicultura. Em contato com a água, as fezes dos marrecos possibilitam a formação de micro-organismos que são consumidos pelos peixes.
Para garantir o sucesso da criação, machos e fêmeas devem ser selecionados e não podem ser consanguíneos, para evitar má formação de filhotes. Raças são melhoradas quando há cuidados na seleção de animais sadios, ágeis e sem defeito para reprodução. Até os dois meses de idade, o pouco som que emite distingue o marreco da marreca, que grasna com frequência. Entre as aves adultas, além do modo de grasnar, a distinção está na presença de uma pena enrolada na cauda do macho.
Uma prática que acelera o crescimento das aves é o uso de lâmpadas acesas no viveiro durante a noite. Com a iluminação permanente, os filhotes dormem menos, se alimentam ao longo da madrugada e, assim, se desenvolvem mais rapidamente. Ao mesmo tempo, ficam aquecidos enquanto não contam com as penas.
MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO Com um marreco e uma fêmea pode-se começar a criação. As aves devem ser adquiridas de criadores idôneos e, de preferência, com indicação. Há cerca de 15 raças, como rouen, mallard, cayuga e pompom, mas a pequim, de crescimento rápido, é a mais indicada para a produção de carne e ovos. A fêmea chega a pesar 3,6 quilos e o macho 4 quilos. Oriunda da Índia Oriental, a corredor-indiano também é indicada para obtenção de ovos. Com três variedades de cores, o macho da raça pode pesar até 2 quilos e a fêmea 1,8 quilo.
>>> AMBIENTE Os marrecos têm boa capacidade de adaptação em ambientes diversos. Podem ser criados em chácaras, sítios, fazendas e até em espaços ociosos no quintal de residências. Contudo, a instalação de um lago pequeno ou um tanque com 1 metro quadrado e 20 centímetros de profundidade é importante para aumentar a fertilidade das aves aquáticas. Siga as instruções para combater o mosquito da dengue, como trocar a água regularmente. A boa higiene contribui para assegurar a saúde dos marrecos.
>>> ESTRUTURA Sarrafo de madeira, tela de arame, pregos e telhas de amianto ou de barro são necessários para construir um abrigo para os marrecos dormirem e se protegerem da chuva e do sol forte, além de acomodar os ninhos. Caso haja materiais disponíveis no local, como sapê e bambu, eles podem ser aproveitados para reduzir custos. São recomendadas área mínima de 1,5 metro quadrado por ave e altura de 60 centímetros para o cercado.
>>> CHOCADEIRA Como as marrecas não se empenham em chocar os próprios ovos, é preciso ter uma chocadeira elétrica ou recorrer a amas. O preço do equipamento (600 reais, em média) e o consumo de energia elevam os custos da criação, que podem ser compensados com o uso de instalações simples.
>>> ALIMENTAÇÃO Forneça ração balanceada de três a quatro vezes por dia aos marrecos, exceto para os reprodutores, que têm refeições apenas duas vezes por dia para não engordar e prejudicar a postura. Como complemento, ofereça hortaliças como folhas verdes, frutas, farelos e legumes. A adição de pedriscos aos alimentos ajuda a trituração e a digestão da comida. Os marrecos têm o hábito de comer e beber água ao mesmo tempo. Mantenha o bebedouro longe do comedouro para evitar o desperdício de ração.
>>> REPRODUÇÃO Os marrecos iniciam a fase de reprodução entre 6 e 8 meses de vida. As fêmeas conseguem botar, em média, 180 ovos por ano, dependendo da variedade e se alimentadas com ração balanceada. A produtividade, no entanto, cai se as refeições se resumirem a restos de comida e milho. Apesar de a primavera ser a melhor época para a postura, a raça pequim só deixa de por ovos durante a muda de penas. Chocadeiras elétricas ou amas devem ser usadas para chocar os ovos, que levam de 28 a 30 dias na incubação, em lugar das marrecas que não se dedicam à prática.
RAIO X
>>> CRIAÇÃO MÍNIMA: um casal
>>> CUSTO: de R$ 80 a R$ 100 é o preço do casal da raça pequim
>>> RETORNO: um ano
>>> REPRODUÇÃO: em média, 180 ovos por ano
*Maria Virgínia F. da Silva é criadora e membra da ABCAves (Associação Brasileira de Criadores de Aves de Raças Puras), Rua Ferrucio Dupré, 68, CEP 04776-180, São Paulo, SP, tel. (11) 5667-3495, www.abcaves.com.br
ONDE ADQUIRIR: a ABCAves dá indicação dos criadores cadastrados aos interessados na criação; a Chocadeiras Zagas, tel. (11) 2953-3169, é fabricante do equipamento
MAIS INFORMAÇÕES: criadores Rogério Volante, tel. (11) 4165-1708; Paulo Roberto Santana, tel. (11) 3979-7014; Valmir Guedes, tel. (11) 9427-1476; Joaldo Pereira, tel. (38) 3534-6029; e João Germano, tel. (11) 9135-2041
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