Investimento inicial baixo na criação de aves ornamentais atrai novos criadores
O investimento acessível é um dos principais motivadores para quem pretende iniciar uma criação de aves ornamentais como faisões, galinhas, marrecos, pavões, grows, gansos etc. Segundo empresários do ramo, com apenas R$ 500 é possível começar. Além das aves, o valor inclui a montagem do local onde os animais viverão. O espaço físico não precisa ser grande, apenas seis metros quadrados são suficientes. Normalmente, o sistema de criação é semi-aberto, com uma área coberta para proteção contra a chuva. Um dos principais cuidados diz respeito ao controle de umidade. O espaço tem que ser seco e com boa drenagem. O faturamento médio depende do tipo de ave que o criador escolher.
Enquanto um pombo pode custar apenas R$ 15, um cisne adulto (dois anos de vida) é vendido a R$ 2,5 mil. O gerente de Pequenas Criações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio), José Henrique Moraes, reforça que a procura por esses animais está crescendo.
Os principais consumidores são donos de propriedades rurais que escolhem as aves para enfeitá-las. Crianças também representam um público fiel. No estado do Rio, o município de Itaboraí e região forma um importante pólo. Existem no local 16 avicultores, que estão se unindo para formar uma associação. Juntos, esses criadores chegam a comercializar de 500 a mil aves por mês.
Especialistas apontam o Sul do País como um dos pólos mais importantes. Em terras fluminenses, José Renato Corrêa, proprietário do Sítio Engenho Novo, em Itaboraí, começou sua criação há 15 anos. Um dos pré-requisitos é gostar das aves. "Normalmente as pessoas iniciam as criações porque se identificam com uma determinada ave. Grande parte dos criadores não busca o lucro, são impulsionados pelo hobbie", comenta Corrêa, que tem formação em engenharia elétrica. Na propriedade, existem 132 tipos diferentes de aves, sendo 60 só de galinhas.
Demanda pelos animais aumenta na Primavera
Corrêa explica que entre maio e setembro, as aves chamam mais a atenção dos compradores, por estarem com as penas renovadas. "As aves se preparam para a Primavera. Nesta época, a procura costuma ser maior que a oferta", reforça o empresário, lembrando que o perfil dos compradores é de pessoas de classe A, donos de sítios ou terrenos em áreas rurais. "Com a violência das grandes cidades, os sítios têm servido como refúgio. Nesses locais, a presença de aves ornamentais como faisões e galinhas deixa o ambiente mais agradável", completa.
Itens importantes devem ser levados em consideração ao iniciar o negócio. Corrêa esclarece que o primeiro cuidado é adquirir as aves de criadores idôneos. O controle de umidade é outro ponto crucial. As aves devem ser colocadas em locais secos, longe de correntes de vento. Para que o criadouro não acumule água, o ideal é colocar areia no chão. É importante desinfetar rigorosamente as instalações e equipamentos, além de trocar as camas dos abrigos periodicamente. Os animais precisam ser alimentados adequadamente com ração balanceada e verde à vontade. Evitar circulação de pessoas estranhas e presença de aves selvagens também são duas ações relevantes.
Para combater parasitas como piolhos, carrapatos e sarnas, deve-se desinfetar rigorosamente as instalações e equipamentos. "Não pode haver excesso de umidade e os abrigos não devem estar superlotados. Os criadores precisam estar atentos em relação à contaminação de água e alimentos", alerta o criador, completando que a realização periódica de exames de fezes e o uso de vermífugos específicos, de acordo com orientação de um médico veterinário, são duas ações importantes. No Engenho Novo, as galinhas estão entre os animais que mais chamam a atenção dos compradores. As raças Brahma (nas cores azul, branca e preta) e Conchichina são as mais requisitadas. O casal sai a R$ 80. Os marrecos das raças Mandarim e Carolina não ficam atrás.
Galinhas, galos, pombos, marrecos e pavões podem ser criados em uma área de seis metros quadrados. Grows (de origem africana) e cisnes precisam, de pelo menos, 100 metros quadrados para reprodução. Recomenda-se começar com apenas uma espécie. O pontapé inicial pode ser dado com 20 galinhas (um galo para cada três fêmeas), dois casais de faisões, dez casais de pombos, um casal de pavões, três casais de marrecos.
Para os gansos, é importante haver um lago. Em se tratando de grows, a existência de uma área de brejo, onde o animal possa se alimentar de microorganismos, é fundamental. O criador precisa estar atento ao fato de que o retorno do investimento ocorre a médio prazo.
Na criação de galinhas, tempo de retorno chega a cinco meses. Cada pintinho pode ser vendido a R$ 10. Já os pombos reproduzem-se dentro de quatro meses. No caso dos faisões, um ano é o tempo mínimo. Marrecos e pavões podem ser comercializados satisfatoriamente depois de dois anos do início da criação.
Em se tratando de alimentação, as aves consomem de 40 a 120 gramas de ração por dia. Um casal de galinha e galo pode custar R$ 80. No sítio Engenho Novo, o preço do casal de faisões varia de R$ 40 a R$ 800, mas existem espécies que podem sair a R$ 6 mil, segundo Corrêa. Quem quiser comprar um casal de pavões gastará entre R$ 200 e R$ 350. Um cisne maduro (com dois anos de idade) pode custar R$ 2,5 mil. Já um grow custa cerca de R$ 6 mil.
Além do Rio de Janeiro, a região metropolitana de São Paulo também desponta como um importante pólo de criação de aves ornamentais. A Chácara Recanto da Serrinha, em São Bernardo do Campo, destaca-se na criação de galinhas, marrecos, perus e gansos. No entorno existem mais 12 criadores, membros da Associação Brasileira de Aves Domésticas e Exóticas (Abrade). Grande parte deles cria faisões e pavões, que geram um faturamento mais expressivo.
Procuramos unir forças com outros criadores de aves de raça pura, buscando sempre a melhoria dos plantéis de pequenos criadores que, com podem ter uma criação mais rentável ao usarem raças puras nos cruzamentos comenta Armando Sobral Júnior, no ramo desde 2001.
Armando vende cerca de 60 animais por mês, ao custo de R$ 70 (adultos). A área destinada à criação é de 3 mil metros quadrados e apenas um empregado fica responsável pela limpeza e alimentação. Funcionário público federal, Armando diz que entrou para o ramo por acaso. "Para mim, a atividade é uma fuga, é algo muito prazeroso", completa o empresário, que nasceu no Rio, mas mora na capital paulista há 30 anos.
Raio X
Negócio: criação de aves ornamentais
Investimento inicial: R$ 500 (o valor inclui as aves e as instalações)
Margem de lucro: 100% sobre o faturamento bruto
Faturamento médio mensal: depende do tipo de ave comercializada.
Área: seis metros quadrados
Funcionários: 1 (para fazer a limpeza e higienizar o ambiente)
Risco: baixo. Segundo Thaís Helena de Lima Nunes, do Sebrae/RJ, o investimento é baixo e o negócio permite a exploração de diversas atividades.
Serviço
Chácara Recanto da Serrinha, 0xx-11-8383-9953
Fazenda Avenorte, 0xx-91-3246-8231
Rancho Santa Bárbara, 0xx-21-2736-6290
Sítio Engenho Novo, 0xx-21-2736-2017
Sebrae/RJ, 0800-78-2020
Emater-Rio, 0xx-21-2625-6060
Galinhas exóticas atraem compradores
Muita gente não sabe, mas existem dezenas de espécies de galinhas e galos bem diferentes dos convencionais. Coloridos e com postura elegante, os animais das raças Orpington e Brahma vêm sendo bastante requisitados pelos compradores que desejam enfeitar suas residências. O criador Paulo Braga, do Rancho Santa Bárbara, Itaboraí, optou pela Orpington há três anos. Desenvolvida na Inglaterra nos anos 1880, a raça tem exemplares nas cores preta, branca, amarela e azul. Quando adultos, chegam a pesar entre quatro e seis quilos, valores considerados altos se comparados aos pesos das aves vendidas para o abate. A fêmea põe 180 ovos por ano.
A Orpington é uma ave extremamente dócil, meiga, e pode ficar solta no quintal sem problema resume o empresário, que vende uma ave macho (adulto) por R$ 70. Normalmente, a fêmea custa 15% mais. A finalidade da compra, conforme explica Braga, não é apenas ornamentar o quintal. Muitos compradores têm como objetivo melhorar geneticamente suas criações, adquirindo os galos Orpington para cruzar com galinhas de menor porte. Num espaço de 10 mil metros quadrados, os bichos são criados soltos. O criador vende uma média de 200 animais por mês.
Para a consultora do Sebrae/RJ, Thaís Helena de Lima Nunes, o risco do negócio é baixo, devido ao valor acessível do investimento inicial. Ainda assim, é preciso atentar que o retorno pode não acontecer a curto prazo, devido ao tempo que o animal leva para se reproduzir. Além da venda para finalidades de ornamentação de espaços físicos, os empreendedores do ramo podem explorar outras opções, como venda de penas para fantasias ou a comercialização de carnes para restaurantes gourmets. Uma outra opção é montar um mini-zoológico para crianças de classe média. No Rio, áreas da zona Oeste são adequadas. Recreio dos Bandeirantes, Santa Cruz e Vargem Grande seriam boas alternativas.
Morador da cidade de Benevides, a 30 quilômetros de Belém do Pará, o analista de sistemas Sávio Fonseca Rodrigues é mais um que começou na atividade por hobbie. Proprietário da Fazenda Avenorte, ele se dedica, desde 1986, à criação de galinhas exóticas de 40 raças, entre elas Brahma e Orpington, apelidadas por ele de "galinhas gigantes". "Adquirimos exemplares de criadores em todo o Brasil, procurando sempre melhorar a qualidade de nossas aves", reforça o criador.
Autor: Jornal do Commércio
quinta-feira, 14 de julho de 2011
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